domingo, 22 de março de 2009

Personalidades Negras. por marilene silva.















Chica da Silva
Dandara
André Rebouças





Abdias do Nascimento




Aleijadinho








ABDIAS DO NASCIMENTO (Figura marcante da intelectualidade negra brasileira)

Natural de São Paulo. Ativista do movimento negro, professor, artista plástico, escritor, poeta, dramaturgo, foi senador e secretário de estado no RJ, professor emérito da Universidade do Estado de Nova Iorque, professor visitante na universidade de Yale e n0 departamento de línguas e literaturas da universidade de Ifé, na Nigéria.
É um dos maiores defensores da cultura e da igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil
Fundador do Teatro Experimental do negro (TEN), em 1944, movimento cultural de fundamental importância, pois contribui de forma decisiva para o acesso de negros á representação teatral, além de estimular a participação política dos negros.
É, hoje, uma figura marcante na intelectualidade negra brasileira.
Tornou-se Deputado Federal em 1983 e senador da República em 1997, depois de ter assumido a Secretaria de DEFESA da promoção das populações Afro-brasileiras.
Reconhecidamente o embaixador da negritude brasileira.

ALEIJADINHO

Aleijadinho, como ficou conhecido nas Minas Gerais do século XVIII.
Filho bastardo de Manuel Francisco Lisboa, português, e de uma escrava de nome Isabel. Quando estudava, já ajudava o pai no oficio de entalhador.
Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações.
Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.
Alguns biógrafos citam nomes como Francisco Xavier de Brito e José Coelho Noronha, ambos, artistas entalhadores de renome da época, como prováveis mestres de Aleijadinho.
Em 1986, o poder público nacional, para melhor preservar a sua obra, inaugurou um museu que leva o nome de aleijadinho.
Este negro deixou vasta obra que realça seu talento.
Tornou-se o artista negro mais conhecido e disputado como grande entalhador. É hoje considerado como o maior artista brasileiro do século XIX até o início deste.


ANDRÉ REBOUÇAS

Nasceu na Bahia, em 1838
Foi um dos mais ativos militantes negros do movimento abolicionista.Formou-se em engenharia.
Participou da Guerra do Paraguai e tornou-se um oficial conceituado.Participou da construção do Porto da cidade do Rio de Janeiro e de outros portos do país.Construiu as primeiras docas no Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco e na Bahia.Abolicionista, fundou o Centro Abolicionista da Escola Politécnica, do qual era um dos professores.Como jornalista escreveu inúmeros artigos sobre a problemática da questão do regime escravo.Com Proclamação da República exilou-se do Brasil.Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros, da qual foi eleito tesoureiro. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora, o que permite constatar o trânsito de Rebouças nas diversas tendências abolicionistas.


CHICA DA SILVA (Rainha Negra do Tijuco)

Chica da Silva se popularizou em Minas Gerais.Chegou a comprar sua alforria e a de mais de 100 escravos, tendo ainda recursos monetários e materiais para subvencionar a gloriosa ousadia da Inconfidência Mineira.Casou-se duas vezes, mas foi com o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira que se transformou em “rainha Negra” no imaginário popular.Era uma mulher de personalidade forte e marcante. Construiu salas de espetáculos para os talentos, letrados e sábios da época. Chica da Silva exerceu uma enorme influência política naquela época.Ficou longe de ser uma leviana prostituta, como a história tradicional quer nos fazer crê.No Brasil, os interesses de Chica ficaram protegidos por propriedades que lhe foram deixadas pelo contratador e que lhe garantiram a sobrevivência e a educação das filhas, encaminhadas ao recolhimento das freiras de Macaúbas, considerado o melhor das Minas Gerais, de onde a maioria só saiu para se casar.Faleceu em 1796, sendo sepultada na Igreja de São Francisco de Assis, privilégio reservado apenas aos brancos ricos.


D. OBÁ II (Um príncipe negro contra racismo)

Militar brasileiro. Cândido da Fonseca Galvão nasceu em Lençóis, na Bahia, por volta de 1845, de pai e mãe africanos, neto de Aláafin Abiodun, o último soberano do império de Oio unificado. Com dois metros de altura, alistou-se voluntariamente para lutar na Guerra do Paraguai (1865-1870), onde foi ferido em combate. Promovido a alferes por bravura, foi residir no Rio de Janeiro, numa localidade então conhecida como Pequena África, perto da atual Central do Brasil. Adotando o título de Dom Obá II d'África, era reconhecido e admirado como nobre por negros livres e escravos. Anti-escravista, crítico do racismo, apoiava a monarquia brasileira. Consta que anualmente, vestido de roupas militares, ia ao Paço Imperial cumprimentar D. Pedro II, que veio a conhecê-lo. Mesmo após o golpe militar de 15 de novembro de 1889, que pôs fim ao Império, Dom Obá manteve sua rotina, indo ao Paço Imperial em 2 de dezembro daquele ano. Passou, então, a ser perseguido pelos republicanos, que cassaram seu posto de alferes. Dom Obá morreu em julho de 1890, julgam alguns que de tristeza. 'Obá' é palavra ioruba correspondente a rei, em português.

DANDARA (A Guerreira)

Foi uma mulher negra guerreira que lutou, ao lado de Ganga Zumba, no Quilombo dos Palmares, contra o sistema escravocrata no século XVII, no Brasil. Dandara se colocou ao lado de Zumbi contra Ganga Zumba, por este assinar o tratado de paz com o governo português. Ela representa até hoje liberdade e igualdade, o significado deste nome é a mais bela. Liberta em 1812, pertencia à nação nagô-jejê, da Tribo de Mahi, religião Muçulmana, africanos conhecidos como Malês. Todas as revoltas e levantes escravos que abalaram a Bahia nas primeiras décadas do século XIX foram articulados por ela, em sua casa, que tornou-se quartel - general destes levantes. Dandara se matou jogando-se da pedreira mais alta de Palmares, que ficava nos fundos do principal esconderijo, para não voltar a condição de escrava.



ESCRAVA ANASTÁCIA

Foi uma das inúmeras vítimas do regime de escravidão, no Brasil. Antes do nascimento de “Anastácia”, a sua Mãe “Delmira” teria vivido, algum tempo, no Estado da Bahia, onde ajudou a muitos escravos, fugitivos da brutalidade, a irem em busca da liberdade. Foi sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida e torturada a violência sexual aconteceu. Seus senhores resolvem castigá-la ainda mais colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heróica existência. As mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da “Negra Anastácia”.


FRANCISCO JOSÉ DO NASCIMENTO

Nasceu no Ceará. Filho de pescadores e órfão de pai ainda menino. Começou a trabalhar cedo como garoto de recado do navio Tubarão, chegando a prático-mor da barra do Porto de Fortaleza. Só aos vinte anos é que aprendeu a ler. Jangadeiro, considerado o maior herói popular em prol da libertação dos cativos no Ceará. Era chefe dos catraieiros (condutor de botes) no precário porto de Fortaleza. Em 1859 trabalhou nas obras do porto de Fortaleza e iniciou o trabalho de marinheiro num navio que fazia a linha Maranhão - Ceará. Em 1874 foi nomeado prático da Capitania dos Portos, convivendo com o drama do tráfico de escravos e sendo mulato, se envolveu na luta pelo abolicionismo, e uma de suas atitudes foi o fechamento do Porto de Fortaleza ao tráfico de escravos para as outras províncias.

JOÃO CÂNDIDO
“Salve o navegante negro que tem por monumento as pedras pisadas no Cais...”
Entrou para a Marinha, como aprendiz de marinheiro e depois foi destacado para o Rio de Janeiro e entrou
efetivamente para a Marinha e destacou-se dos demais por seu espírito de liderança. Tornou-se instrutor de aprendizes marinheiros e foi destacado para uma viagem à Europa, onde teve a oportunidade de, juntamente com seus companheiros, aprimorar seus conhecimentos e observar a diferença entre o tratamento dispensado aos marinheiros de outros países. Enfrentou o governo de cabeça erguida e arma em punho. Virou herói, mas sua vitória teve o gosto amargo da perseguição política. Simbolizou a luta pela dignidade humana e graças a ele, a chibata nunca mais voltou a ser usada; o marinheiro marcou seu espaço na história deste país. João Candido foi um dos principais líderes da Revolta da Chibata, que chegou ao ápice quando os navios de guerra Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro apontaram os seus canhões para o Rio de Janeiro. Embora a rebelião tenha terminado com o compromisso do governo federal em acabar com o emprego da chibata na Marinha e de conceder anistia aos revoltosos, João Cândido e os demais implicados foram detidos.




JULIANO MOREIRA

Descendência africana nascido em Salvador conhecido por suas inovações. Entrou na Faculdade de Medicina da Bahia, formando-se aos dezoito anos, em 1891, tornando-se professor da Faculdade. Aperfeiçoou-se na Europa, onde freqüentou cursos de doenças mentais e de anatomia patológica. Foi um dos pioneiros da psiquiatria brasileira. Durante seu trabalho na direção do Hospício Nacional dos Alienados, do Rio de Janeiro, humanizou o tratamento e acabou com o aprisionamento dos pacientes. Em seu trabalho clínico eliminou coletes e camisas-de-força e instalou um laboratório de análises, a partir do qual iniciou-se, no Brasil, a rotina de punções lombares para elucidação de diagnóstico. Professor de neurologia e psiquiatria e pesquisador de doenças tropicais, deixou importantes trabalhos sobre a leishmaniose, a lepra e entre outras. Defendeu a idéia de que a origem das doenças mentais se devia a fatores físicos e situacionais, como a falta de higiene e falta de acesso à educação, contrariando o pensamento racista em voga no meio acadêmico, que atribuia os problemas psicológicos do Brasil à miscigenação.


LÉLIA GONZÁLEZ

Nasceu em Minas Gerais. Notabilizou-se por sua intensa atuação acadêmica e militância nas lutas contra o racismo. Foi uma das fundadoras, em 1978 do Movimento Negro Unificado contra discriminação racial. Graduada em filosofia e em comunicação, era também doutorada em Antropologia Social. Realizou e participou de inúmeras conferências, no Brasil e no exterior, sobre as problemáticas do regime do negro e, particularmente da mulher negra de nosso país. Foi uma das fundadoras do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras. Atuou como membro efetivo do Conselho dos Direitos da Mulher e ajudou a fundar o Olodum. Histórica no movimento feminista brasileiro, por sua luta no combate à violência contra a mulher, notadamente a violência sexual e doméstica. Participou da primeira composição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, o CNDM (1985-1989). Grande incentivadora das tradições afro-brasileiras. Faleceu vítima de problemas cardíacos, no Rio de Janeiro, aos 59 anos.


LUIZ GAMA

“Aquele negro que mata alguém que deseja mantê-lo escravo, seja em qualquer circunstância for, mata em legítima defesa.”
Luiz Gama foi abolicionista, advogado e poeta da Bahia. Vendido aos 10 anos para um traficante pelo próprio pai, para pagar dívidas de jogo. Em 1848 já não era mais escravo, conseguindo fugir de seu último senhor, uma vez que sempre carregava consigo os documentos comprobatórios de sua condição de negro liberto. Formou-se em Direito e foi um ardoroso abolicionista. Com talento, coragem e obstinação, libertou mais de quinhentos escravos. Os poemas de Luiz Gama estão vinculados à segunda geração do Romantismo no Brasil. A sua primeira obra veio a público em 1859, com o título Primeiras Trovas Burlescas do Getulino. Nela reuniu poesias satíricas que ridicularizavam a aristocracia e os poderosos da época, tendo a primeira edição se esgotado em três anos. Os poemas de Luiz Gama estão vinculados à segunda geração do Romantismo no Brasil. A sua morte, vítima de diabetes, comoveu a cidade de São Paulo.

LUÍSA MAHIN (Mulher guerreira, líder da Revolta dos malês)

Nasceu na África, princesa na Costa Negra, veio para o Brasil na condição de escrava. Era quitandeira e permaneceu pagã por haver se recusado, terminantemente, a se ungida com os “santos óleos” do batismo e seguir os preceitos da religião católica. Temperamento rebelde e combativo. Foi uma das principais organizadoras da Revolta dos Malês, liderados por escravos africanos de religião mulçumanas, conhecido na Bahia como Malês. Pela perseguição que sofreu após a atuação na revolta, partiu para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu a luta pelos seus irmãos de raça. Luiza esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. Acabou sendo deportada para a África de onde nunca mais se teve notícias, porém alguns autores acreditam que ela tenha conseguido fugir, vindo a instalar-se no Maranhão, onde, com a sua influência, desenvolveu-se o chamado tambor de crioula.


MARIA FELIPA ( A heroína negra, esquecida pela história oficial)

Foi uma negra que viveu na ilha de Itaparica, no século XIX.Conseguiu formar um grupo com 40 mulheres com galhos de cansanção para lutar contra os soldados portugueses na independência da Bahia. Lutava capoeira e ajudava os enfermos atuando como enfermeira. Devido à sua baixa condição econômica, Maria Felipa jamais foi fotografada ou desenhada. Elas desceram para a Praia do Convento com as saias rodadas e as batas que deixam um pedaço do ombro de fora. Para os soldados que vigiavam as embarcações parecia que as raparigas estavam se oferecendo. Elas se aproximavam dos portugueses como se fossem seduzi-los, mas ao ficarem perto o suficiente, retiraram os galhos de cansanção (planta irritante, que causa uma mistura infernal de dor e coceira), fosse a espada da justiça. A surra com os galhos de cansanção deixou os marinheiros sem reação. Enquanto eles se contorciam no chão, esfregando a pele na areia para retirar a peçonha, as mulheres atiraram tochas em 42 barcos. Atualmente, a Rua Curuzu abriga um Centro de Cultura (Casa de Maria Felipa), criado pela família Virgens, administrado por Gildete e Hilda Virgens, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre a história de Maria Felipa e outros afro-descendentes que contribuíram para a história do Brasil e do mundo.


MÁRIO DE ANDRADE

"Malditos para sempre os Mestres do Passado! Que a simples recordação de um de vós escravize os espíritos no amor incondicional pela forma! Que o Brasil seja infeliz porque os criou! Que o universo se desmantele porque vos comportou! E que não fique nada! Nada! Nada!". Diplomou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, tornando-se, posteriormente, professor e catedrático. Tornou-se o primeiro diretor de Departamento de Cultura de São Paulo. Foi o grande líder do movimento modernista que teve como ápice a Semana de Arte Moderna. Com o livro Paulicéia Desvairada, de 1922, o escritor coloca em prática seu projeto de renovação cultural do país. Aliando profundas pesquisas acerca da tradição brasileira e as vanguardas no mundo todo, Mário foi um dos principais responsáveis pela divulgação e estabelecimento do movimento modernista no Brasil. Era mesmo um polivalente, em se tratando de criar, organizar, produzir e incentivar a cultura. Possuidor de uma cultura ampla e profunda erudição, foi o fundador e primeiro diretor do Departamento de Cultura de São Paulo da Prefeitura Municipal de São Paulo, onde implantou a Sociedade de Etnologia e Folclore, o Coral Paulistano e a Discoteca Pública Municipal. Mário de Andrade também foi um dos mentores e fundadores do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, junto com o advogado Rodrigo de Melo Franco de Andrade.


MESTRE BIMBA (Pai da Capoeira Regional)

Nome Manoel dos Reis Machado Lutador de Batuque (luta de origem africana muito praticada na Bahia
até o começo do século passado). Era um homem muito inteligente, apesar de seus poucos estudos. Em Salvador iniciou-se na capoeira aos dez anos. Seus alunos eram negros e mulatos das classes populares. Mas, apesar da pouca idade (18 anos), possuía alunos também de classes privilegiada É considerado o pai da capoeira regional e o primeiro mestre com curso reconhecido no país. Discriminado por grande parte dos artistas e intelectuais de Salvador e venerado por seus alunos, realizou uma verdadeira revolução ao criar a Capoeira Regional (motivo da discriminação dos artistas e intelectuais). Priorizando as pessoas de nível social mais alto e universitários; isto tiraria a capoeira da marginalidade, e economicamente era muito mais interessante. Conseguiu reverter a situação da clandestinidade em que vivia a capoeira. Fundou o “Centro de Cultura Física e Luta Regional” e estabeleceu um código de ética rígido que exigia até higiene. Oficializo o uso do uniforme branco e interferia até na vida privada de seus alunos. Para treinar capoeira, era preciso provar que estava trabalhando ou mostrar o boletim do colégio.

MESTRE DIDI

Nascido em Salvador no início do século passado, Deoscóredes Maximiliano dos Santos é filho único de Maria Bibiana do Espírito Santo (Mãe Senhora), descendente da tradicional família Asipa, originária de Oyo e Ketu, importantes cidades do império Iorubá. Mais antigo descendente, no Brasil, do reino do Ketu, hoje ocupado pela Nigéria e pelo Benin, Mestre Didi recebeu, em 1983, o título máximo de Obá Mobá Oni Xangô, do Rei do Ketu, na Republica de Benin. É autor de vários livros, dentre eles um dicionário português-iorubá. Aos oito anos foi iniciado no culto aos ancestrais, dedicando toda sua vida a preservar a tradição legada pelos seus antepassados. Era artista plástico e escritor.Soube vencer as barreiras do preconceito e da discriminação, com sua obra independente e original. Desta forma, destaca-se como um expoente da arte de vanguarda. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva, Oba Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa de tradição nagô de candomblé na Bahia, o Ilê Ase Aira Intile, depois Ilê Iya Nassô. Eugenia Ana dos Santos - Mãe Aninha, tratada por Didi como avó, foi quem o iniciou no culto aos Orixás e lhe deu o título de Assogba, Supremo Sacerdote do Culto de Obaluaiyê.

MESTRE PASTINHA (O Angoleiro mais Célebre)

Foi o mais célebre representante da capoeira Angola e brigou muito para ver reconhecido o valor da capoeira no Brasil. Viveu uma infância modesta e feliz e, aos 13 anos, era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Foi marinheiro e, posteriormente, exerceu o ofício de pintor. Treinava capoeira nas horas vagas às escondidas, pois sua prática era crime previsto por lei. Disciplina e organização eram regras básicas em sua escola. Os alunos jogavam vestindo sempre uniforme amarelo e preto e, também, criou o código de ética que condenava a violência. Fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA). Integrou a comitiva brasileira no primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade.



PROFESSOR MILTON SANTOS (Geógrafo de renome internacional)

Foi um dos mais famosos intelectuais negros brasileiros. Bacharel em Direito, sua notoriedade vem dos longos anos de conhecimento dos problemas urbanos que afetam as nações subdesenvolvidas nos dias atuais, sendo, por isso, respeitado mundialmente. Era um dos expoentes mais conceituados do movimento de renovação crítica da Geografia. Foi secretário de estado do planejamento e subchefe da defesa civil do governo Jânio Quadros. Sofreu perseguições políticas e exilou-se na França, onde pôde doutorar-se em Geografia. Autor de diversos trabalhos e livros acadêmicos. Suas obras são editadas em diversos países. Em função de suas atividades políticas de esquerda, foi perseguido por seus adversários e pelos órgãos de repressão do Regime Militar. Logicamente, seus aliados e importantes políticos intervieram junto às autoridades militares para negociar sua saída do País, após aprisionamento por meio ano, seguido de prisão domiciliar. Apesar de ter se graduado em Direito, desenvolveu trabalhos em diversas áreas da Geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação na Geografia brasileira ocorrida nos anos 70.


RAINHA N’ZINGA (Mulher enigmática e rainha carismática, estadista e diplomática)

Nasceu em Angola, África Ocidental, e assumiu o trono do Ndongo e passou a lutar pela libertação de seu povo. N’zinga possuía a rica personalidade de uma mulher enigmática e rainha carismática, estadista e diplomática, comandante hábil que travou uma luta, sem quartel, contra portugueses pela independência de sua gente e pela sobrevivência de seu povo. É um símbolo inspirador para os povos que ainda lutam para definir-se como Estados independentes. Ganhou notoriedade durante a guerra, em Luanda, contra os potugueses, por liderar pessoalmente as suas tropas. Como soberana, rompeu os compromissos com Portugal, abandonando a religião católica e praticando uma série de violências não só contra os portugueses, mas também contra as populações tributárias de Portugal na região. Exemplo para todas as mulheres negras, Nzinga conseguiu libertar escravos, distribuir terras, ampliar alianças co outros chefes e consolidar a unidade do Ndongo.


TEODORO SAMPAIO

Theodoro Fernandes Sampaio possui uma origem humilde. Descendente de africanos, ou seja, filho de uma pobre escrava nasceu em 07/01/1855 no Engenho Canabrava, numa senzala, no município de Santo Amaro, na Bahia. Foi um engenheiro por profissão, geógrafo e historiador brasileiro. Volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel e Matias. É nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco. Teodoro Sampaio fez expedições exploratórias pelo Rio São Francisco, onde registrou, na forma de mapas e descrições, os caminhos que percorreu, recolhendo assim material suficiente para elaborar um mapa da região. Suas observações geográficas e topográficas foram muito utilizadas e estudou profundamente nossos minerais, sendo considerado o pai da geologia brasileira. Tornou-se inevitavelmente uma celebridade da época devido à sua erudição, competência e simplicidade. Com serenidade de espírito, operosidade científica e o característico labor sem alarde, Teodoro foi um importante personagem na busca pela dignidade dos negros.






UBIRATAN DE CASTRO

Nascido na Bahia. Membro da Academia Baiana de Letras. Na unidade da diversidade da cultura brasileira, assim como na reconstrução do estado, ele deseja dar uma chance para que a cultura produzida pelo povo negro participe igualmente como fundadora de uma cultura nacional, negra, popular e brasileira. Durante vinte anos foi um ativo colaborador da Universidade Federal da Bahia: Coordenador do Núcleo de História Oral e Documentação. Para ele, honrar o passado é construir o futuro com coragem. A sua idéia era a de estabelecer a igualdade racial e promover a reparação de todos os danos resultantes do racismo e das intolerâncias conexas através da militância cultural; preservar as nossas comunidades de memória, apoiar todos os grupos, entidades e indivíduos produtores de uma cultura negra libertária; proclamar para toda associedade brasileira o valor da cultura negra brasileira no processo civilizatório do país.

ZUMBI (O herói da resistência)

Em uma das expedições contra Palmares, criança ainda Zumbi foi raptado e aprisionado por soldados e entregue ao padre Melo, que o batizou com o nome de Francisco. Serviu para ajudar na missa e estudou português e latim. Aos 15 anos, fugiu e voltou para Palmares (Quilombo, localizado em Pernambuco).Muito jovem, ele se tornou chefe de uma das povoações desse Quilombo. Por sua bravura, inteligência, pelo corpo vigoroso e vontade de ferro, em pouco tempo tornou-se chefe das forças armadas em Palmares. Zumbi e seu povo resistiram a várias expedições que acabaram com o quilombo. Depois de sucessivas investidas, Palmares foi destruído e Zumbi foi morto. Hoje, é o principal símbolo da resistência contra todas as formas de opressão que ainda castigam o povo negro do Brasil. Representou um permanente desafio e incentivo ás lutas contra o perverso sistema colonial.



LIMA BARRETO

O escritor e jornalista Afonso Henriques de Lima Barreto, ou simplesmente Lima Barreto, nasceu no dia 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro, e morreu apenas 41 anos depois, no dia 1 de novembro de 1922. Seu reconhecimento como um autor fundamental para a Literatura Brasileira veio somente depois de sua morte, o que é comum a outros grandes brasileiros, especialmente a aqueles que morreram precocemente. Lima Barreto viveu a época mais intensa do racismo no Brasil, já que a escravidão foi abolida apenas sete anos após o seu nascimento. Apesar disso, teve a oportunidade de receber boa instrução escolar e sempre teve grande interesse pela Literatura. Era filho de um tipógrafo - João Henriques de Lima Barreto, mulato nascido liberto, monarquista e ligado ao Visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor - e de uma professora, Amália Augusta Barreto, filha de escrava liberta, que morreu quando o menino Lima Barreto tinha apenas sete anos de idade. O autor viveu atormentado pelo alcoolismo e por suas crises de depressão e morbidez, desencadeadas pelo sofrimento vivido desde a infância e pelo racismo que sofreu ao longo de toda a sua vida. Acreditava que, como escritor, tinha a função de despertar as pessoas para o fato de a sociedade privilegiar certos grupos. Defendendo seus pensamentos, ele apresentava uma visão crítica em relação ao regime republicano vigente na passagem do século XIX para o XX. Rompeu com o nacionalismo ufanista e explorou a temática social em suas obras, ambientadas no Rio de Janeiro, onde morou em diversos bairros. Em sua literatura o autor destacava os pobres e os boêmios. Em 1909, fez sua estréia como escritor, com o romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de fortes traços autobiográficos. Dois anos depois daria início à publicação de sua obra mais importante, Triste Fim de Policarpo Quaresma, através de folhetins que saíam no Jornal do Comercio. O livro é considerado fundamental na escola Pré-Modernista pela crítica especializada. Em 1914, Lima Barreto foi recolhido ao hospício. Essa configurou a primeira vez, de muitas, em que esse episódio ocorreria. Em 1916, ele seria internado para tratamento de saúde, motivado pelo abuso de álcool e pela vida desregrada. Em 1922, durante a Semana de Arte Moderna em São Paulo, o escritor morreria, em decorrência de colapso cardíaco.


CRUZ E SOUSA

João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861. Desde pequenino foi protegido pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa, que o acolheram como o filho que não conseguiram ter. O referido marechal havia alforriado os pais do escritor, negros escravos. Educado na melhor escola secundária da região, teve que abandonar os estudos e ir trabalhar, face ao falecimento de seus protetores. Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Vivia de suas colaborações em jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de "Missal" e "Broquéis" (1893), só conseguiu se empregar na Estrada de Ferro Central do Brasil, no cargo de praticante de arquivista. Casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, em 09 de novembro de 1893. O poeta contraiu tuberculose e mudou-se para a cidade de Sítio - MG, a procura de bom clima para se tratar. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão. Sua obra só foi reconhecida anos depois de sua partida. Gavita, que ficou viúva, grávida, e com três filhos para criar. Após o a morte do escritor perdeu dois filhos, vitimados também pela tuberculose. Com problemas mentais, passou vários períodos em hospitais psiquiátricos, vindo a falecer. O terceiro filho, com a mesma doença, faleceu logo em seguida. O único filho que sobreviveu, que tinha o nome do pai, também faleceu vitima dessa doença aos dezessete anos de idade.

CHICO REI

Chico Rei, nascido no Congo, chamava-se originalmente Galanga. Era monarca guerreiro e sumo sacerdote do deus Zambi-Apungo e foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses traficantes de escravos. Foi levado para o Brasil no navio negreiro "Madalena", mas, entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à viagem. A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas no Oceano pelos marujos do navio negreiro "Madalena" para aplacar a ira dos deuses da tempestade, que quase o afundou.
Foi vendido no Rio de Janeiro e levado para Vila Rica como escravo, juntamente com seu filho. Trabalhando como escravo conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Adquiriu a mina da Encardideira. Aos poucos, foi comprando a alforria de seus compatriotas. Os escravos libertos consideravam-no "rei".
Este grupo associou-se em uma irmandade em honra de Santa Ifigênia, que teria sido a primeira irmandade de negros livres de Vila Rica. Ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto, antiga Vila Rica em Minas Gerais no século XVIII, com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.
No dia 6 de janeiro e no dia de Nossa Senhora do Rosário, ocorriam as solenidades da irmandade, denominadas Reisados. Durante estas solenidades, Chico, coroado como rei, aparece com a rainha e a corte, em ricas indumentárias, seguido por músicos e dançarinos, ao som de caxambus, pandeiros, marimbas e canzás. Este cortejo antecede a missa. Esta seria a origem do congado.

sábado, 16 de agosto de 2008

Influência Africana no Português do Brasil
Aluna: Maria Jose
Data: 11/08/2008
A influência africana em nossa língua se deu desde os tempos da escravidão, quando os negros eram obrigados a trabalhar nos engenhos sem qualquer direito a nada, nem mesmo a suas próprias vidas। Com isso, um grande número de pessoas vieram de vários locais da África, trazendo consigo seu modo de falar e viver, e seus dialetos próprios. Os principais grupos que contribuíram para a nossa língua falada e escrita foram os grupos guineano-sudanês (Guiné e Sudão Ocidental) e banto (África Austral).Segundo Ismael Lima Coutinho: " Das línguas por eles faladas deve-se salientar o nagô ou ioruba (grupo sudanês), que teve o seu ponto de irradiação principalmente na Bahia, como atesta o vocabulário regional, e o quimbundo (grupo banto), em Pernambuco e outros Estados do Norte, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Minas Gerais. Esta última, sobretudo, parece ter exercido maior influência no português no Brasil, por causa do número quantitativamente maior de pessoas que a falavam."Em primeiro lugar, podemos falar da contribuição genérica e imprecisa das línguas africanas, em colaboração com o tupi, para a elocução clara e arrastada do brasileiro, que alonga as pretônicas. Considera-se também como de origem africana a modificação do fonema palatal molhado lh, que se observa na pronúncia popular de certas regiões do Brasil: muyé, por mulher; fiyo, por filho; paya, por palha , etc.Outro vestígio deixado pelos africanos em nossa morfologia é o prefixo ca = pequeno, o qual figura em várias palavras como camundongo, calunga, caçula, calombo, cacimba, carimbo, etc.Com relação aos bantos, certos traços apresentam-se aculturados com elementos sudaneses, ameríndios e europeus.Já a influência da terminologia nagô estaria presente, quase sempre, em objetos e crenças da mítica gêge–iorubana, que não ingressaram na linguagem corrente ou no vocabulário dos escritores brasileiros, como abedê, afofiê, agogô, aiê, alujá, oxexê, ibá, etc., alcançando maior penetração termos como babalorixá e exu. Mas as divindades de seus candomblés são conhecidas do público brasileiro: Olorun, senhor do céu; Odudua, a terra; Obatalá, o rei da brancura ou da pureza; Iemanjá, orixá das águas; Xangô, do trovão; Ogun, da guerra; Olokun, do mar; Oyá, do rio Niger; Oxum, do rio Oxum; Obá, do rio Obá; Oxóssi, dos caçadores; Oké, dos mortos; Orun, o sol; Oxu, a lua; estes, porém, não são considerados orixás. Em outros padrões de comportamento, há sinais manifestos dessa influência, seja na vestimenta, na culinária, ou nos instrumentos de dança, como atabaques e tambores, o agogô e o adjá. O predomínio dos nagôs levou a língua ioruba a ser falada correntemente por negros e crioulos; os cultos afro-brasileiros, por sua vez, foram os responsáveis pelo peso maior dessa influência, com a introdução de uma série de palavras dessa origem, não só no vocabulário como na toponímia.Dos topônimos quimbundos, por exemplo, uma das séries mais representativas é aquela referente às habitações em geral, a saber: Cubatão, de Kubata, provavelmente, casa, choupana; mocambo, toca; quilombo, povoação fortificada de negros fugidos; senzala, no sentido de habitação coletiva de negros; moleque, rapazote. Das danças: samba, e marimba ou marimbas, instrumento musical.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Algumas colocações sobre as Ciências da Sociedade

Não é recente as reflexão sobre a vida em sociedade, apesar do surgimento da sociologia ser muito nova, foi só no século XIX.As primeiras tentativas de compreender o funcionamento da sociedade se deu com a mitologia greco-romana, onde, por exemplo, havia deuses para guerra, outro para o comércio, uma outra para as relações amorosas, e assim por diante.Insatisfeitos com essas explicações, os filósofos gregos foram os primeiros a empreender o estudo sistemático da sociedade humana.Entre eles, destaca-se Platão autor de "A Republica", e Aristóteles que escreveu "Politica".É de Aristóteles a afirmação segundo a qual "o homem nasce para viver em sociedade".
Na Idade Média, a reflexão teórica sobre a sociedade se deu entre pensadores ligados à Igreja católica.Santo Agostinho, por exemplo, em seu livro "A cidade de Deus", propunha normas para evitar o pecado na sociedade.Obras como essa descreviam a sociedade humana em uma perspectivas religiosas muio acentuada.
Com o renascimento, surgiram pensadores que abordavam os fenômenos sociais de maneira mais realista.Escreveram sobre a sociedade de sua época: Maquiavel, Tomas Morus, Tomaso Campanella, Francis Bacon, Erasmo de Roterdã. No século XVII,um dos mais notaveis foi o inglês Thomas Hobbes.Nesse processo de reflexão não-religiosa sobre a sociedade foi, no século XVIII, o pensador Giambattista Vico.Alguns séculos depois, Jean-Jacques Rousseau reconhece a influencia decisiva da sociedade sobre o individuo, afirma ele, " O homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe".Hoje, sabe-se que o indivíduo também influencia e modifica o meio em que vive ao agir sobre ele.
Foi na verdade no século XIX, com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gabriel Tarde e principalmente,Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx- que a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente científico.
Hoje sabemos que o foco principal das Ciências da Sociedade são os conflitos sociais e consequencias destes, sendo seus principais objetivos criar instrumentos teóricos que levem à reflexão sobre os problemas da sociedade contempôranea.