sábado, 16 de agosto de 2008

Influência Africana no Português do Brasil
Aluna: Maria Jose
Data: 11/08/2008
A influência africana em nossa língua se deu desde os tempos da escravidão, quando os negros eram obrigados a trabalhar nos engenhos sem qualquer direito a nada, nem mesmo a suas próprias vidas। Com isso, um grande número de pessoas vieram de vários locais da África, trazendo consigo seu modo de falar e viver, e seus dialetos próprios. Os principais grupos que contribuíram para a nossa língua falada e escrita foram os grupos guineano-sudanês (Guiné e Sudão Ocidental) e banto (África Austral).Segundo Ismael Lima Coutinho: " Das línguas por eles faladas deve-se salientar o nagô ou ioruba (grupo sudanês), que teve o seu ponto de irradiação principalmente na Bahia, como atesta o vocabulário regional, e o quimbundo (grupo banto), em Pernambuco e outros Estados do Norte, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Minas Gerais. Esta última, sobretudo, parece ter exercido maior influência no português no Brasil, por causa do número quantitativamente maior de pessoas que a falavam."Em primeiro lugar, podemos falar da contribuição genérica e imprecisa das línguas africanas, em colaboração com o tupi, para a elocução clara e arrastada do brasileiro, que alonga as pretônicas. Considera-se também como de origem africana a modificação do fonema palatal molhado lh, que se observa na pronúncia popular de certas regiões do Brasil: muyé, por mulher; fiyo, por filho; paya, por palha , etc.Outro vestígio deixado pelos africanos em nossa morfologia é o prefixo ca = pequeno, o qual figura em várias palavras como camundongo, calunga, caçula, calombo, cacimba, carimbo, etc.Com relação aos bantos, certos traços apresentam-se aculturados com elementos sudaneses, ameríndios e europeus.Já a influência da terminologia nagô estaria presente, quase sempre, em objetos e crenças da mítica gêge–iorubana, que não ingressaram na linguagem corrente ou no vocabulário dos escritores brasileiros, como abedê, afofiê, agogô, aiê, alujá, oxexê, ibá, etc., alcançando maior penetração termos como babalorixá e exu. Mas as divindades de seus candomblés são conhecidas do público brasileiro: Olorun, senhor do céu; Odudua, a terra; Obatalá, o rei da brancura ou da pureza; Iemanjá, orixá das águas; Xangô, do trovão; Ogun, da guerra; Olokun, do mar; Oyá, do rio Niger; Oxum, do rio Oxum; Obá, do rio Obá; Oxóssi, dos caçadores; Oké, dos mortos; Orun, o sol; Oxu, a lua; estes, porém, não são considerados orixás. Em outros padrões de comportamento, há sinais manifestos dessa influência, seja na vestimenta, na culinária, ou nos instrumentos de dança, como atabaques e tambores, o agogô e o adjá. O predomínio dos nagôs levou a língua ioruba a ser falada correntemente por negros e crioulos; os cultos afro-brasileiros, por sua vez, foram os responsáveis pelo peso maior dessa influência, com a introdução de uma série de palavras dessa origem, não só no vocabulário como na toponímia.Dos topônimos quimbundos, por exemplo, uma das séries mais representativas é aquela referente às habitações em geral, a saber: Cubatão, de Kubata, provavelmente, casa, choupana; mocambo, toca; quilombo, povoação fortificada de negros fugidos; senzala, no sentido de habitação coletiva de negros; moleque, rapazote. Das danças: samba, e marimba ou marimbas, instrumento musical.